Estamos na segunda década do século 21, e mesmo com todos os avanços tecnológicos no setor de Transporte Rodoviário de Cargas fica a pergunta: por que o número de acidentes rodoviários continua aumentando?
Apesar de serem apenas 3,3% da frota brasileira de veículos, caminhões e caminhões-tratores estão envolvidos em 26% dos acidentes nas rodovias do país. Mesmo com avanços na legislação e no uso de sistemas que teoricamente oferecem mais segurança – como a obrigatoriedade de sistemas de freio ABS em todos os veículos novos a partir de 2014 –, vidas continuam sendo perdidas. Para se ter uma ideia, dados da Polícia Rodoviária Federal apontam um aumento no número de mortos e feridos de 75% entre o primeiro semestre de 2021 e o de 2022.
Para o Engenheiro Rubem Penteado de Melo, diretor técnico da Anjo Tecnologia, alguns fatores contribuem para estes números, mas o principal é comportamental: tratar os sinistros como acidentes e não como incidentes evitáveis. Durante a abertura do Workshop TRC – Impactos Diretos e Indiretos dos Acidentes e Soluções na Mitigação, realizado no dia 25 de agosto pelo CIST Clube Internacional de Seguro de Transportes, o engenheiro, que abriu a mesa de debate, pode trazer seus argumentos e mostrar como é possível evitar boa parte dos acidentes com informação e tecnologia.
“Enquanto tratamos os roubos como evitáveis, inclusive priorizando os recursos para sua prevenção, continuamos julgando os acidentes como inevitáveis. Chamamos de acasos subjetivos porque não entendemos suas causas”, afirmou.
O mais letal dos acidentes
Entre os acidentes, o engenheiro destacou o de maior ocorrência e também o que tem mais letalidade e consequências graves: o tombamento. Responsáveis por cerca de 45% dos óbitos de ocupante das cabines de caminhões, os tombamentos são em 90% dos casos eventos solitários, ou seja, não envolvem um segundo veículo, e podem ser evitados por meio da observância da velocidade compatível à curva por parte do veículo de carga.
Para ele, observar a velocidade compatível vai muito além de respeitar os limites indicados pelas placas de sinalização expostas na via, uma vez que elas nem sempre são seguras para todos os conjuntos de cargas. “O setor comercial aumentou o tamanho e peso dos conjuntos, e por isso as placas não são mais compatíveis. Os pesos aumentaram de 45 t para 74 t e agora 91 toneladas, e as placas são as mesmas!”, argumentou, dizendo ainda que a velocidade segura depende, além da geometria da via, das características do veículo e também da carga que ele transporta.
“Os tombamentos são acidentes causados pela força “g” [que é a aceleração lateral gerada nas curvas em função da velocidade e atua de forma decisiva para os tombamentos] Via de regra não é imprudência ou imperícia por parte do motorista, mas sim falta de informação.”
Prevenção inteligente
Evitar então o tombamento envolve a adoção da velocidade segura. Mas como saber qual é esta velocidade? Foi esta resposta que o fundador da Anjo Tecnologia levou aos presentes no Workshop, ao mostrar a forma de atuação do ANJO S-TRACK. O dispositivo inteligente usa a tecnologia e a ciência para, a partir do mapeamento da geometria da curva e dos dados do veículo, indicar em tempo real a velocidade limite para cada uma das curvas a serem vencidas.
“Levamos a tecnologia para dentro da cabine do caminhão. Quando a curva se aproxima, se a velocidade for maior que a compatível o sistema emitirá um alerta, indicando a velocidade máxima para a próxima curva”, explica.
Mais do que explicar o funcionamento do ANJO S-TRACK, o engenheiro também fez questão de frisar seu custo-benefício. “O custo anual equivale a cerca de 298 litros de óleo diesel, ou seja, o que o caminhão consome em aproximadamente 560 quilômetros de viagem. Quanto custa um tombamento?” Vale lembrar que, além das perdas humanas e imateriais, apenas do primeiro semestre de 2022 foram pagos R$ 478 milhões em sinistros provenientes de acidentes (28% a mais que o mesmo período de 2021).
Debate necessário
Após a apresentação do ANJO S-TRACK, o workshop da CIST continuou tratando dos impactos diretos e indiretos dos acidentes, com a participação de grandes nomes do setor. Soluções como a educação continuada, treinamento e o uso da tecnologia foram os principais pontos tratados no evento, realizado presencialmente em São Paulo e transmitido pelo canal do Youtube do CIST.
Participaram do debate a CEO da Younder EdTech, Claudia de Moraes; Paulo Alves, Diretor da EZZE Seguros; Celso Alves Mariano, Sócio Diretor da Tecnodata srl; e Anor Cardoso, Diretor da Ravex. Para assistir ao workshop acesse o link: https://lnkd.in/dcEu8R8p
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